
ESCOLA DE SAMBA E O QUESITO "VAIDADE" (Texto de Waldir Britto) Vale a pena conferir. As escolas de samba tem um quesito chamado “vaidade”, que aflora substancialmente em algumas das pessoas que compõem os “teatros ambulantes” por hora chamados de “escolas de samba”. Nesses teatros, contamos histórias diversas, enriquecemos nossa cultura, nos divertimos, nos entristecemos, acalentamos nossos sonhos e nos tornamos apaixonados. Dificilmente esse quesito é notado sob as luzes da ribalta, mesmo porque quando as “peças” são apresentadas escondem os “segredos do bolo pronto”, a necessária receita. Porem o tal quesito acaba cooperando sensivelmente para que na hora da “degustação” ou melhor, da apresentação o sabor fique aquém do esperado. É nos bastidores (preparação anual de uma peça para outra) que o fenômeno se torna latente, e como um bom fermento cresce assustadoramente. Essas “peças” apresentadas nas passarelas compõem-se de inúmeros figurantes, coadjuvantes, diretores, cantores, dançarinos, figurinistas, artesãos...que acabam esquecendo do artista principal, o galã chamado... Pavilhão! Embora muitos nem estejam no roteiro, tem os que se julgam os “artistas principais”, esquecendo por completo a “referencia das partes”. Esse tal “quesito”, que deveria, mas nem sempre tira a merecida nota zero (alguns insistem em valorizá-lo, e às vezes até com notas máximas), nada mais é do que a VAIDADE. Um dos pecados que acredito ser o degrau mais difícil para se chegar ao Paraíso de Dante. A vaidade que em nossas escolas de samba, muitas vezes acaba surgindo como o mais importante vilão, é multiforme ou seja manifesta-se de diversas formas criando inclusive dificuldades para administrá-lo. Embora não seja a estrela da festa, ou melhor da “peça”, essa tal vaidade nos tenta e às vezes consegue criar a falsa concepção de que estamos uns acima dos outros e de que somos realmente insubstituíveis ou melhores. Alguns se tornam ditadores, avaros, invejosos, orgulhosos, irados etc.etc. ofuscando o bem maior. Outros chegam de mansinho, assumem cargos ou papéis importantes na preparação das peças e quando menos percebemos, mudam radicalmente, deseducam-se, não nos cumprimentam, fingem não nos conhecer, sentam-se bem pertinho do Rei limitando-se a concordâncias, inflam-se no revés, reaparecem queixando-se das “dores do mundo” e de toda sorte de injustiças que por ventura tenham sofrido. Infelizmente, ou felizmente (não sei onde está o erro) dentro desses teatros, chamados escolas de samba, há um convívio de diferentes níveis de formação, tanto educacional quanto espiritual, e isso faz com que alguns de nós deixem vir à tona sentimentos mesquinhos, que mostram os defeitos de nossos espíritos embrutecidos, e a clara necessidade de melhorias constantes. Aquecidos pela “fogueira da vaidade” atravessamos a “faixa amarela” antes do tempo, ou voltamos quando não poderíamos voltar ou quando não há mais tempo, perdendo pontos importantes no que é mais importante... A escola da vida. Por isso é preciso nos policiarmos muito nas relações pessoais para a montagem dessas “peças”...Principalmente diante dos elogios, das traições, das criticas e da falsidade. Precisamos sempre nos perguntarmos... Qual o nosso papel? Será que realmente temos o perfil ideal para executá-lo? Será que estamos indo bem? O que é importante nisso tudo?. O pior é que essas “peças” muitas vezes contem um ótimo enredo... Uma ótima história, que acaba se tornando medíocre em alguns de seus “atos” ofuscando o conjunto da obra. Mesmo construindo o sonho e apresentando-o no palco ou melhor na “passarela”, repito... Nós tornamos as cenas medíocres! Perdemos para nós mesmos, dando adeus a sonhos anualmente acalentados e que não conseguimos materializá-los por pura vaidade ...
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