
Hoje acordei pensando, o que aconteceu com os sambistas, o que aconteceu com nosso genêro musical, samba, ele tem tantas ramificações e penso, será que essas ramificações nos dividiram tanto assim?, será?
Esses dias me peguei em um show, pensando, meu Deus, que repertório vou cantar aqui, para esse público, pagode, samba raiz, raiz... , samba de enredo, aí me veio outra pergunta, será que a eles interessa isso? ou que eles querem é que façamos barulho, pra que eles possam dançar, cantar, beber e namorar, acho que essa tem sido uma preocupação só minha ou nossa?, me refiro aos músicos, cantores e compositores que trabalham nas casas noturnas, barzinhos ou fazem suas rodas de samba.
Vi uma coisa inusitada no canal 42 da net, multishow, um programa de Rock não lembro nome, é alguma coisa como Geleia do Rock se não me falhe a memória, um reality show de bandas de rock, os caras tocando musicas de Cartola, Noel Rosa em Rock cara, não sou fã desse genêro, mas os caras provam que a musica é capaz de tudo, o samba já transformou samba enredo em pagode, em partido alto, sambas dolentes cantados em muitas rodas de samba são sambas de enredo, sei que muitos entende o que estou dizendo, mais tem gente que não entende essas transformações e julga ser muito ruim aquilo que não é do seu cotidiano.
Vejo que personagens como, público, contratantes, donos de bares e simpatizantes não compreende, não conseguem entender essa divisão, e alguns falam como se realmente fossem donos da verdade, é até engraçado. Exemplo, um cidadão vai num bar estilo Jambalaia e diz assim, po velho samba pra mim é Fundo de Quintal, não gosto dessas modas aí não, esses melas cuecas ai que os caras cantam,outros vão no Samba na Feira, samba dos meus amigos da Casa Verde e dizem,.. o cara não curto essa parada de velho e o cara esquece que já tem 40 anos as vezes ou muito mais, só rindo mesmo.
Nunca fui no Jambalaia, sei que é um bar conceituado por muitos , mais tenho certeza, que as pessoas lá, curtem pagode com musicas de artistas que consagraram o mela cuecas e quem pode garantir que o Fundo não é mela cueca?, quem pode garantir, Amor do Deuses é uma musica que até os partideiros cantaram muito na noite, se não porque gostavam, cantaram pra agradar um publico de sua geração, era viável naquele momento, pois arrancavam aplausos né.
Sendo assim, Fundo de Quintal o promissor entre grupos de samba, também é mela cuecas, bem como também Tive Sim de Cartola é um mela cuecas dos anos passados.
Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, trouxeram vários compositores de outras décadas ao conhecimento do público, cantores que só depois dos anos 2000, a midia e alguns pesquisadores de samba vieram consagrar e ainda bem, porquê isso mostra um prenuncio de que, daqui 30, 40 ou 50 anos vamos ter uma geração nas ruas e na midia dizendo o quanto os anos 80 e 90 foram positivo e importantes para o reconhecimento do nosso genêro, nas novelas, nas faculdades, nas ruas e etc. Damos muita enfâse aos poetas como Silas de Oliveira, Paulo Cezar Pinheiro, Geraldo Pereira, Noel Rosa, Ismael Silva, Cartola, Pixinguinha e outros e isso louvável, só que poderiam ter feito isso quando a maioria deles eram vivo, é aquele coisa que existe no Brasil, só se reconhece alguém anos após ele já estar morto, salvo alguns jornalistas e pesquisadores que tem olhos no futuro e valorizam bons artistas e boas obras, agora outra maioria, não valoriza a obra de um artista enquanto vivo, é péssima essa cultura ao meu ver.
Mais na realidade foi preciso uma geração se expressar e fazer com que o samba, despertasse para o comércio, geração essa formada por grupos e cantores como, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Beth Carvalho, Jorge Aragão, Royce do Cavaco, Mauro Diniz, Arlindo Cruz, Alcione, Raça Negra, Negritude Jr., Karametade, Katinguele, Razão Brasileira, Pirraça, Raça, SPC e outros, para que sambistas intelectuais, alguns deles filósofos, sociólogos, músicos e alguns frustrados com o ante sucesso de seus grupos de bairro, formassem uma resistência diversa a esse movimento, principalmente dos grupos Paulista ou Paulistano, que chamaram atenção com letras de musicas comerciais, canções românticas com letras apelativas, roupas, coreografias e comportamento que entraram nas casas de ricos e pobres, no dia dia das pessoas, uma febre que deixou muita gente feliz e alguns totalmente avessos, nasceu a critica e acendeu um conceito que até hoje é debatido e questionado em programas de TV, rádios, rodas de samba, butiquens e etc.
Enfim, não quero debater o que esta certo ou errado, nem questionar o comportamento das pessoas, cada um que faça a sua escolha, mais é complicado ver essa divisão, as quadras de escolas de samba estão cheias de gente que não gostam de samba e sim de barulho, querem ver mulheres nuas o que hoje em dia é utopia ao menos nos ensaios de escolas de samba, não se interessam em conhecer os cantores de samba, artistas que dançam, cantam, as baterias mostrando criatividade nas bossas e breques, a dedicação dos musicos, a raça,a garra dos componentes etc. As casas noturnas como Jambalaia, Armazém da Vila e outras, simplesmente tão nem aí para aqueles que fizeram tudo isso e não falo só dos donos e sim do público em geral, Bar Tijuca outro bar que nunca fui, já levou Monarco e o grupo Pixote pra ser atração, um bar que leva o nome de uma Escola de Samba. Então eu fico me questionando e sem falar em uma das coisas que tem aparecido, bares como Vila do Samba, que foi criado e inspirado em projetos como Samba da Laje, em casas como Bar Samba, Traço de União e derrepente faz sucesso com Shows de grupo como Sensação, Dudu Nobre, até Seu Jorge esteve por lá.
E nós simples cantores da noite, o que faremos pra agradar esse público tão rachado, ou estou enganado, Fica aqui essa dúvida e minha pergunta, o Samba está rachado?, tem sambista que odeia pagode, tem sambeiro que odeia o sambista?, pagodeiro e sambista são dois comportamentos diferentes e não pergunto só sobre os músicos, e o público e seus comportamentos, pagodeiro é funkeiro e vice versa, como é isso, alguém se habilita a responder essas questões.
Grande abraço amigos e vamos pro samba sambar, curtindo sempre mais um pagode.
Carlos,
ResponderExcluirGostei muito de conhecê-lo pela internet. Eu e meu marido moramos no Tremembé e sempre assistimos o desfile da Banda Grones.
Gostamos muito de música de vários gêneros e raízes, e eu gosto mais ainda da música feita pos nós negros, que refletem uma condição social "diferenciada" no Brasil e no mundo´, acho que é por isso que eu me identifico tanto com o samba, o jazz, o funk, o rap e o funk brasileiro. Sou jornalista e especialista em Mídia, Informação e Cultura, quando cursei a especialização eu estudei muito sobre cultura popular e cultura subalterna - que é de onde vem o nosso carnaval - mas também compreendi que o mercado se apropria dessas manifestações culturais para tornar a nossa cultura comercializável - que é o que aconteceu com nosso carnaval. Aprendi que tudo isso faz parte de uma negociação. Pois a cultura popular busca o comercializável e vice-versa. Mas o importante para mim, ao ouvir uma música, uma interpretação é sempre me sentir "tocada", é me sentir agraciada pela arte musical, independente do seu ritmo, origem, nacionalidade. Acho que é isso também o que move os músicos. Eu tive uma pequena experiência como cantora com uma banda e era isso que me movia - um sorriso, um choro, uma emoção qualquer - a reação da platéia à alma do artista, acho que isso não é comercializável, embora eu também saiba que não enche barriga e todos também precisam do vil metal. De agora em diante vou procurar conhecer o seu trabalho, gostaria de saber se está tocando em algum lugar, para que eu e meu marido possamos assistí-lo. Um abraço! Tati